A Psicologia do consumismo: qual o impacto da black friday na Saúde Mental?

Ana Sofia Fernandes
15/11/24
A Psicologia do consumismo: qual o impacto da black friday na Saúde Mental?

Ana Sofia Fernandes, psicóloga clínica, promove o bem-estar emocional das famílias e procura descomplicar os temas ligados à Saúde Mental. Neste artigo de opinião, destaca os potenciais impactos negativos da aproxiação da black friday, evento que desencadeia comportamentos compulsivos de compra. 

"À medida que a black friday se aproxima relembro os potenciais impactos negativos do consumismo excessivo no bem-estar psicológico dos consumidores. Este evento anual, conhecido pelas suas ofertas tentadoras, pode desencadear comportamentos compulsivos de compra, especialmente em indivíduos com uma pré-disposição para tal. Exemplo disso são os muitos casos que me chegam anualmente em clínica.

Há quem utilize as compras como um refúgio emocional, tentando preencher um vazio interior com bens materiais. É crucial entender que a felicidade momentânea proporcionada por uma compra não resolve problemas emocionais mais profundos. Comprar itens que não são necessários ou que excedem o orçamento, sentir ansiedade ou culpa após as compras e esconder as mesmas de familiares ou amigos são alguns dos sinais de alerta para o vício em compras, por isso é importante estar atento a estes sinais – tanto sem si como em quem o rodeia.

É também importante falarmos sobre a comparação social bem como a prova social, geralmente acompanhada de sentimentos de inadequação que levam a este tipo de comportamento. A par disto, existe atualmente uma enorme sobrecarga de anúncios e promoções que nos chegam das redes sociais, televisões, entre outros, o que pode desencadear um sentimento de urgência especialmente em pessoas predispostas a este comportamento. Lembre-se que quem decide ser influenciado, ou não, é você.

Ainda que existam mecanismos que podem ser utilizados para combater esta prática, é importante, antes de mais, assumir o problema e entender qual a sua raíz. Estabelecer um orçamento realista, fazer uma lista de itens necessários e questionar a necessidade real de cada compra são comportamentos fundamentais para evitar compras compulsivas.

Relembro ainda que aproveitar a vida não se resume a acumular bens materiais. Muitas vezes experiências simples e momentos de conexão com entes queridos trazem mais satisfação do que compras impulsivas, por isso, caso não lhe seja possível sentir essa alegria e satisfação neste tipo de vivências, talvez a terapia seja algo a considerar uma vez que pode ser um recurso valioso para quem desenvolveu padrões problemáticos com compras. O caminho é entender porque existe essa dependência de consumo e desenvolver estratégias saudáveis para quebrar esse vício, pois só dessa forma é possível desfrutar, sem culpa, de datas como a black friday sem comprometer o seu bem-estar financeiro, familiar e emocional."

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