Prof.ª Ana Todo-Bom: “A gestão é fundamental para garantirmos a qualidade e eficácia na utilização dos meios de que dispomos”

Redação News Farma
21/11/14
Prof.ª Ana Todo-Bom: “A gestão é fundamental para garantirmos a qualidade e eficácia na utilização dos meios de que dispomos” "Gestão em Saúde" é uma das conferências que integra o programa da primeira edição do Fórum de Imunoalergologia do Centro, pois no entender da presidente do Fórum e diretora do Serviço de Imunoalergologia do CHUC, mesmo em condições económicas menos favoráveis é "fulcral manter qualidade clinica e intervenções diagnósticas e terapêuticas de excelência". Todavia, nesta reunião serão muitos os temas abordados. Em entrevista ao Jornal do Congresso, a Prof.ª Ana Todo-Bom indica essas temáticas e fala das expetativas para o "primeiro de muitos encontros".

Jornal do Congresso - A Associação de Estudos Respiratórios e o Serviço de Imunoalergologia dos CHUC uniram esforços para realizar a primeira edição do Fórum de Imunoalergologia do Centro. O que motivou a realização deste evento?
Prof.ª Ana Todo-Bom - A Imunoalergologia é uma área muito importante, porque as doenças alérgicas atingem de um modo global cerca de um terço da população portuguesa, havendo, naturalmente diferenças na prevalência de algumas patologias alérgicas específicas como a asma, a rinite, a urticária, o eczema ou as conjuntivites, que podem surgir de forma isolada ou associadamente. A doença alérgica envolve todos os grupos etários, desde as crianças aos adultos até aos mais idosos, mas constitui a patologia crónica mais prevalente na infância e está associada a um elevado absentismo escolar podendo comprometer o sucesso na aprendizagem. Por outro lado, em relação à população idosa, que constitui uma preocupação atual devido ao reconhecido envelhecimento populacional, temos consciência de que a patologia alérgica também tem vindo a aumentar neste grupo etário. Desta forma, é muito importante a realização de fóruns de reflexão, no sentido de melhorar tanto o diagnóstico como a intervenção terapêutica e consequentemente o controlo da doença alérgica.

JC - A quem se dirige o encontro?
ATB – Essencialmente a imunoalergologistas que estão localizados nas unidades hospitalares da Região Centro: Coimbra, Aveiro, Castelo Branco, Viseu, Covilhã e Leiria. Guarda é o único distrito que não tem a especialidade. Porém, contamos também com a intervenção de diretores de serviços de Lisboa, Guimarães e Porto que darão um importante contributo para a valorização científica deste fórum. Sendo a imunoalergologia uma especialidade bastante aberta para o exterior e com fronteiras com várias especialidades, esta reunião conta também com a participação de profissionais de áreas médicas e de ensino como a Fisiopatologia, a Imunologia, a Dermatologia, a Pediatria, a Pneumologia e a Medicina Geral e Familiar.

JC – Pode indicar o número de participantes?
ATB – Teremos cerca de 80 participantes. A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) já organiza a sua grande reunião anual, com um elevado número de participantes com a qual colaboramos e com que nos identificamos completamente. Estas reuniões regionais proporcionam uma reflexão mais circunscrita mas nem por isso menos importante, pelo que o número de participantes será naturalmente mais reduzido.

JC - Qual o contributo do Fórum para os participantes?
ATB - Fundamentalmente proporcionar-lhes um espaço de discussão e uma atualização de conhecimentos.

JC – De que forma é proporcionada a discussão e atualização de conhecimentos?
ATB – Com a seleção de temas que levantam alguma polémica, porque se dirigem a áreas científicas em que os consensos internacionais estão em evolução. Pretende-se refletir sobre a literatura e investigação clinica mais atual de modo a obter conclusões sobre condutas que devam ser implementadas nos diversos Serviços, de forma a passar uma mensagem mais trabalhada e consentânea à comunidade.

JC – Poderia especificar alguns dos temas que vão ser abordados?
ATB - Será um dia de trabalho bastante preenchido. Do ponto de vista da investigação, selecionámos dois temas, que constituem áreas consideradas estratégicas na FMUC e no CHUC: o envelhecimento e a patologia ocular. Em relação aos temas mais específicos da imunoalergologia, teremos uma mesa dedicada à tosse crónica e sibilância recorrente na infância, porque a sua abordagem correta continua a levantar alguma dificuldade. Também vai ser discutida a indicação para evicção alergénica e a diversificação alimentar na infância, na medida em que é um tema associado a muita controvérsia. Como os procedimentos diagnósticos em imunoalergologia são processos em contínua evolução, foram incluídos no programa, temas destinados á análise de especificidade e a sensibilidade desses procedimentos. O dia de trabalho termina com uma mesa redonda onde são discutidas particularidades imunológicas e inflamatórias determinantes para a fisiopatologia da doença alérgica e para o seu controlo.

JC - O que diferencia esta reunião de outras da mesma área?
ATB - O Serviço participava na organização das Jornadas Pneumológicas e Alergológicas de Coimbra, que eram efetuadas pelo Departamento de Ciências Pneumológicas e Alergológicas dos HUC. Já foram também organizadas ocasionalmente, no âmbito do próprio Serviço, reuniões monotemáticas ou de atualização de conhecimento. No entanto decidimos iniciar este Fórum porque considerámos que seria numa aposta interessante, para promover uma reflexão anual conjunta dos Serviços hospitalares e dos imunoalergologistas do Centro do País. Pretendemos fomentar a discussão de situações em que existe menos consenso, de forma a promover atitudes concertadas e cientificamente corretas perante os nossos doentes. Por este motivo, penso que é importante refletirmos entre nós e com colegas de outas áreas médicas sobre o conjunto de informações existentes e sobre a forma como nos devemos posicionar à luz da nossa experiência e da investigação que vai sendo produzida.

JC – De uma forma geral, quais as expetativas para esta primeira edição do Fórum de Imunoalergologia do Centro?
ATB - Espero que a reunião seja um sucesso e que consigamos atingir os nossos objetivos. Por fim, espero este Fórum tenha a marca inequívoca da Imunoalergologia da Região Centro.

Artigo publicado no Jornal do Congresso do Fórum de Imunoalergologia do Centro


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