Prof.ª Maria Helena Cardoso, presidente da SPEDM: “Racionalização das despesas não pode ser obstáculo à inovação”

Redação News Farma
22/01/13

Prof.ª Maria Helena CardosoCom o aproximar da realização do XIV Congresso Português de Endocrinologia e da 64.ª Reunião Anual da SPEDM, a decorrer de 24 a 27 de janeiro, no Porto, a Prof.ª Maria Helena Cardoso, presidente da SPEDM, defende que as limitações económicas não podem “prejudicar” os doentes.


Tem de continuar a haver empenhamento na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento eficaz. Embora os mecanismos de controlo das despesas conduzam à diminuição dos custos com a doença, tem de se assegurar que esses mesmos controlos não constituam uma obstrução ao tratamento eficaz.

A inovação em Portugal, na conjuntura atual, é possível? Ao responder à questão, a Prof.ª Maria Helena Cardoso, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), afirma que “não podemos permitir que a racionalização das despesas seja um obstáculo à inovação”. É cada vez mais importante diminuir o intervalo de tempo entre a descoberta científica e a sua aplicação prática, para que “a comunidade e, neste caso, os doen-tes possam beneficiar rapidamente da inovação científica, sem tempos de espera, que podem significar mortes e complicações irreversíveis evitáveis”.

Relativamente ao facto de a conjuntura económica poder criar limitações no diagnóstico, seguimento e tratamento da diabetes, a especialista esclarece que há evidência de que “os tratamentos e as terapêuticas que melhorem o controlo glicémico e reduzam as complicações da diabetes diminuirão significativamente os gastos com a saúde”.

Numa altura de grandes restrições orçamentais, é importante que “as atitudes custo/poupadoras e custo/efetivas sejam reconhecidas, divulgadas e implementadas”. Ao seguir a linha de raciocínio, Maria Helena Cardoso considera que “o bom controlo da diabetes é uma medida custo-poupadora e devem ser colocados à disposição dos clínicos todos os meios necessários para alcançar o objetivo”. 

Para se tentar “combater” a diabetes no nosso país, de acordo com a endocrinologista, têm de ser tomadas medidas que contribuam para a prevenção e o controlo da obesidade e, portanto, promotoras de uma alimentação saudável e estimuladoras de uma vida ativa, promovendo a atividade física. “A participação em qualquer forma de desporto deve ser fortemente estimulada.”

Enquanto não for travado o aumento da obesidade, “a incidência da diabetes tipo 2 não diminui, pois, são duas doenças fortemente associadas”, alerta.

Estes são alguns dos temas que irão estar em debate no XIV Congresso Português de Endocrinologia e na 64.ª Reunião Anual da SPEDM, a decorrer, de 24 a 27 de janeiro, no Porto. Efetivamente, trata-se de um momento em que os endocrinologistas portugueses e sócios das ciências afins se podem reunir, apresentar os seus trabalhos e planear formas de cooperação entre os diversos centros.

São esperados cerca de 600 congressistas, que terão oportunidade de assistir à apresentação das últimas novidades e de participar em vários debates, como é o caso, por exemplo, do simpósio “Colaboração Angola Portugal: oportunidades de cooperação”, que tem como objetivo estimular a realização de projetos comuns aos dois países, reforçando os laços já existentes.

“Realizar-se-ão ainda simpósios conjuntos com outras sociedades científicas portuguesas, como é o caso da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução e da Sociedade Portuguesa de Oncologia, com vista a aumentar a cooperação entre as diferentes sociedades, estimulando a realização de projetos científicos, a nível nacional, com maior impacto na comunidade científica, pela sua dimensão e representatividade.”

Curso de Insulinoterapia na Diabetes Tipo 2

Acerca da realização do Curso de Insulinoterapia na Diabetes Tipo 2, patrocinado pela Sanofi, no âmbito do XIV Congresso Português de Endocrinologia e da 64.ª Reunião Anual da SPEDM, Maria Helena Cardoso conta que a realização do mesmo visa dotar os clínicos das competências que lhes permitam melhorar o uso dos recursos para o controlo da diabetes, com o objetivo de reduzir as suas complicações.

“A insulinoterapia representa um meio que, se for bem utilizado, tem um papel importantíssimo no bom controlo da diabetes.” No entanto, “tem de ser aplicado mais precocemente, com mais à vontade, seguindo uma criteriosa seleção do tipo de insulina a usar, nos tempos e doses mais adequadas”.

Este curso destina-se a todos os médicos que “lidam com a diabetes, nomeadamente colegas da Medicina Geral e Familiar que têm um papel fundamental na adesão dos doentes à insulinoterapia, uma terapêutica que pode salvar capital de saúde se for iniciada na altura adequada, sem atrasos causadores de danos, na maior parte das vezes, irreversíveis”.

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