Alerta a Dr.ª Eugénia Simões, presidente do IPR: “Número de reumatologistas não é o recomendável”

Redação News Farma
21/02/13

Dr.ª Eugénia SimõesNuma altura em que se fala de cortes na Saúde, a Dr.ª Eugénia Simões, atual presidente do Instituto Português de Reumatologia (IPR), está preocupada com as consequências.


Neste momento, existem muitos doentes, por exemplo, do Alentejo, que não estão a ser referenciados, nem o seu transporte para o IPR para receberem tratamento é facilitado.

O Instituto Português de Reumatologia (IPR) recebe sobretudo doentes da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo que são referenciados pelos centros de saúde.

De acordo com a Dr.ª Eugénia Simões, presidente do IPR, “houve uma altura em que o Instituto recebia doentes de todo o País”. Segundo a médica, apesar de ainda serem referenciados alguns doentes da zona do Alentejo, o número tem baixado substancialmente, uma situação que acontece por “variadíssimos fatores”.

“Deixou de haver pagamento de transportes e as próprias sub-regiões da ARS do Alentejo não querem referenciar os doentes para o IPR”, relata.

Um dos objetivos passa por “manter e até aumentar a visibilidade e reputação do Instituto, quer entre os profissionais de saúde, como junto do público em geral”.

Neste sentido, avança, “pretendemos continuar uma política de visibilidade, mas também de viabilidade económica, uma vez que, neste momento, estamos quase completamente dependentes do acordo que temos com a ARS de Lisboa e Vale do Tejo, que é uma situação que nos deixa bastante ‘desconfortáveis’ perante o quadro geral do País”.

Relativamente ao panorama nacional da especialidade, Eugénia Simões comenta que o número de reumatologistas “ainda não é o recomendável”.

Segundo refere, este deve rondar as duas centenas e, atualmente, situa-se nos 120. “Considero que ainda há falta de reumatologistas, sobretudo em certas zonas do País.”

A responsável avança ainda que, “neste momento, não há sequer um reumatologista em todo o Alentejo” e que “os médicos de família da região estão a ser pressionados para enviar os doentes reumáticos para consultas de outras especialidades, nomeadamente Medicina Interna”.

Valências clínicas do IPR

Atualmente, o Instituto constitui o maior serviço de Reumatologia do País, com o maior número de consultas prestadas e com o internamento mais alargado.

Existem diversas consultas no IPR, nomeadamente, Reumatologia Geral, Espondilite Anquilosante, Reumatismo Psoriásico, Síndrome de Sjögren, Esclerose Sistémica, Doença de Behçet, Lúpus, Artrite Reumatoide, Artrite Recente, Doenças Ósseas Metabólicas, Postura, Cardiologia Preventiva, Reumatologia Pediátrica, Médico-cirúrgica (Ortopedia e Cirurgia da Mão), Fisiatria e Nutrição.

Os serviços clínicos estão distribuídos por três localizações. A “principal” situa-se na Rua da Beneficência, onde está todo o setor de Internamento, a maior parte da Consulta Externa, nomeadamente a Consulta de Reumatologia Geral, um setor de Fisiatria, Hospital de Dia e Podologia.

Há um segundo edifício (as primeiras instalações do Instituto) na Rua Dona Estefânia n.º 187, onde existe um setor de Fisiatria e um ginásio, com a maioria da fisioterapia de ambulatório. Neste espaço realizam-se, ainda, algumas consultas privadas (subsistemas de Reumatologia) e é onde se encontra a sala de Direção.

Há ainda um terceiro edifício, na Avenida Praia da Vitória, onde funcionam as consultas de Doenças Ósseas e Metabólicas e de Reumatologia Pediátrica e onde se encontra o Densitómetro.

Na opinião de Eugénia Simões, o grande ponto forte da instituição são os trabalhadores, que proporcionam um tratamento global, multidisciplinar e integrado do doente reumático, “um aspeto que nos distingue em relação a outros serviços de Reumatologia do País”.

IPR: uma instituição com 64 anos de vida

“O IPR foi criado com a finalidade do tratamento do doente reumático, quer numa vertente médica – à luz do que havia na altura –, quer social”, avança Eugénia Simões, recordando que, nesta época, já era reconhecida a importância das doenças reumáticas e do sofrimento que estas causam.

“O objetivo era tentar tratar o maior número possível de doentes reumáticos, independentemente da sua proveniência, da sua condição social, fazer esse tratamento numa perspetiva integrada e, se possível, complementado com a vertente social”, desenvolve.

No País, o Internato de Reumatologia iniciou-se em 1981, sendo que o IPR recebeu os primeiros internos em 1982. Depois, indica, “a partir de 1989, entrou uma nova vaga de internos, dos quais eu e o Dr. Augusto Faustino fomos os primeiros a entrar e, posteriormente, uma série de outros especialistas”.

Vários médicos de outras instituições fizeram a sua formação no IPR, entre os quais os Profs. Doutores Viana de Queirós (fundador do Núcleo e, mais tarde, do Serviço de Reumatologia do Hospital de Santa Maria) e Lopes Vaz (fundador do Serviço de Reumatologia do Hospital de São João, no Porto).

Recursos humanos:


Reumatologistas: 20 (35 h) e 3 (tempo parcial)

Internos de Reumatologia: 3

Fisiatras: 3 (tempo parcial)

Cardiologista: 1

Cirurgia Plástica: 2

Psicóloga: 2 estagiários

Nutricionista: 3

Estagiários de Nutrição: 2

Fisioterapeutas: 7

Terapeutas ocupacionais: 1

Podologista: 1

Massagista: 3

Osteopata: 1

Enfermeiros: 8

Farmacêutico: 2

Assistentes sociais: 1

Secretárias clínicas: 2

Documentalista: 1

Auxiliares de ação médica: 13

Gestor hospitalar: 1

Administrativos: 19

Técnico de Informática: 1

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