Avanços na investigação das doenças da retina: NOVA Medical School aposta em diagnóstico precoce e novas terapias

15/10/24
Avanços na investigação das doenças da retina: NOVA Medical School aposta em diagnóstico precoce e novas terapias

Sandra Tenreiro, especialista em degeneração e envelhecimento da NOVA Medical School, destacou em entrevista à News Farma os avanços na investigação das doenças da retina, em particular a degenerescência macular da idade (DMI) e a retinopatia diabética, duas das principais causas de perda de visão em Portugal. Estas doenças têm um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes, aumentando a dependência e reduzindo o período de vida ativa. Atualmente, não existem tratamentos que previnam o desenvolvimento das formas mais avançadas destas doenças.

A investigação em curso na NOVA Medical School, segundo a professora, tem como objetivo superar um dos maiores desafios no combate a estas doenças: o diagnóstico precoce. Projetos interdisciplinares em parceria com outras instituições, como a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e a Unidade Local de Saúde São José, estão a desenvolver novas ferramentas de análise automática de imagens de retina, utilizando inteligência artificial para detetar precocemente alterações na retina e identificar fatores de risco de progressão da doença. Estes avanços já resultaram na “realização de três teses de mestrado e um doutoramento em curso, visando desenvolver novas ferramentas para análise das imagens de retina dos doentes com DMI”, frisa Sandra Tenreiro.

Entre os principais avanços na investigação, a professora destaca o desenvolvimento de um novo modelo de estudo para a fase inicial da retinopatia diabética. “Este modelo é baseado em organóides de retina humana. Estes organóides são “mini retinas” que se podem obter de células estaminais e, assim, reproduzir a arquitetura e variedade celular da retina humana”, explica a investigadora. O modelo submetido para patente é utilizado para desenvolver novas abordagens terapêuticas e compreender melhor os mecanismos subjacentes à doença.

A NOVA Medical School também está a explorar o desenvolvimento de novas terapias para as fases precoce e intermédia da DMI, um projeto financiado pela Fundação La Caixa. Os testes pré-clínicos incluem medicamentos já existentes, mas que demonstraram “resultados promissores” para retardar a progressão da doença. A instituição está a preparar um ensaio clínico para testar a eficácia de um desses medicamentos, o que pode representar um passo importante para tratar uma condição atualmente sem opções terapêuticas eficazes para as fases iniciais.

Maria Assunção, coordenadora executiva do Chain Biobank, destaca ainda a importância do envolvimento dos cidadãos, que podem contribuir para a ciência através da doação de material biológico e dados de saúde, ajudando a encontrar novas soluções terapêuticas e diagnósticas para as doenças da retina. "A participação dos cidadãos pode trazer respostas sobre qual a melhor terapêutica para cada doente e encontrar novas soluções para estas doenças que são causa de cegueira e incapacidade", sublinha.

Por ocasião do Dia Mundial da Visão, Sandra Tenreiro deixa uma mensagem de alerta: “É importante alertar para a importância dos estilos de vida saudável, a preparação para um envelhecimento ativo e de exames regulares junto do oftalmologista. Estes aspetos são fundamentais para minimizar o impacto tanto da diabetes como de doenças associadas à idade”.

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