News Farma (NF) I Este ano, o XXIV Simpósio de Atualização em Nefrologia comemora os 40 anos de atividade regular na área da Transplantação Renal do Hospital de Santa Cruz (HSC). De que forma vão assinalar esta data?
Jorge Dickson (JD) I No programa, esta efeméride será evidenciada através da descrição dos momentos mais relevantes da transplantação renal no nosso hospital, desde o dia 6 de fevereiro de 1985 até à atualidade. Na primeira parte, o Prof. Dr. André Weigert irá fazer uma descrição em termos globais. De seguida, o Dr. António Martinho irá abordar os marcos cirúrgicos e, finalmente, o Dr. Belarmino Clemente irá focar-se na inovação trazida pela introdução da técnica laparoscópica. As três curtas apresentações irão permitir uma visão discriminada mas, ao mesmo tempo, unificadora, de toda a atividade da Unidade de Transplantação Renal do nosso hospital, ao longo da sua existência.
No entanto, devemos salientar que esta sessão ocupará apenas uma pequena parte do programa. O passado é importante, mas o foco estará sempre no presente e no futuro. Por essa razão, incluímos temas de reflexão sobre a transplantação renal, assuntos “não-médicos” habitualmente fora do âmbito deste tipo de reuniões e ainda aspetos específicos que consideramos relevantes, quer pelo seu interesse particular, quer por apresentar inovações nalgumas áreas. Desta forma, assumimos a vocação formativa e de discussão ativa que habitualmente caracteriza os simpósios do nosso Serviço.
NF I Após quatro décadas a realizar transplantação renal, o que se pode retirar deste percurso histórico do HSC?
JD I O percurso histórico permite evidenciar o conjunto de inovações que a Unidade de Transplantação Renal do HSC introduziu ao longo destes 40 anos: a 1.ª unidade pública do sul do país a realizar TR, 1.ª unidade a iniciar um programa regular de TR de dador vivo em Portugal, realização do 1.º TR de doente portador do vírus da hepatite B, realização do 1.º TR de dador vivo não aparentado. Além disso, seguiu de muito perto as inovações introduzidas por muitas unidades nacionais, como o transplante de doentes portadores do VIH e a utilização da cirurgia laparoscópica, entre outras.
NF I De que forma este percurso de sucesso impacta a especialidade?
JD I Todos os atos acima descritos são atualmente prática comum em todas as unidades de TR do país, mas foi necessário dar o primeiro passo.
Na realidade, pode-se afirmar que a TR é hoje realizada com muita segurança e competência em todas as respetivas unidades nacionais e o HSC orgulha-se de fazer o seu papel e de trabalhar em estreita colaboração com todas elas, com o objetivo de melhor servir os doentes.
NF I Foi aberta a possibilidade de visionamento do evento por streaming após inscrição online. Espera-se que esta decisão impacte o evento pela positiva, mas de que forma?
JD I A possibilidade de visionamento através de uma plataforma de streaming, irá permitir o acompanhamento mais cómodo dos trabalhos por parte de colegas e de diversas outras pessoas interessadas no tema e que não possam ou que não queiram deslocar-se ao local, a começar pelos próprios transplantados renais ou doentes em diálise, uma vez que a inscrição é gratuita (mas obrigatória, através do acesso ao site do simpósio).
Em particular, foram enviados convites a membros da ABTO – Sociedade Brasileira de Transplante de Orgãos e à Sociedade Angolana de Nefrologia, sociedades científicas com quem temos laços especiais de afinidade e que, por razões geográficas óbvias, serão os maiores potenciais beneficiários desta possibilidade de acesso.
NF I Que peso tem este tipo de iniciativas para a Nefrologia?
JD I Simpósios como este, que o Serviço de Nefrologia do Hospital de Santa Cruz tem organizado com caráter anual, permitem a focagem num tema específico, com uma abordagem feita “à medida” do que, subjetivamente consideramos como sendo temas de interesse para a Nefrologia. Por vezes, os temas primam essencialmente pela inovação (como foi o caso do último simpósio, sobre “Nefrologia Verde”), outras vezes pela possibilidade de revisão e atualização de temas relevantes na nossa área de atuação. Curiosamente, este terá sido o primeiro ano em que o tema foi a comemoração de uma efeméride mas mesmo este caso permitirá a discussão alargada de diversos aspetos relacionados com a transplantação renal.
NF I As inscrições ainda se encontram abertas. Que convite faz aos colegas de especialidade para se inscreverem e participarem no evento?
JD I Sem surpresa, o convite é para espreitarem o programa, inscreverem-se de acordo com a sua própria conveniência e que não se esqueçam da possibilidade de envio de resumos de temas de transplantação renal, com vista à sua apresentação em poster.
Acrescento que tivemos o especial cuidado em tentar que este simpósio seja interessante para nefrologistas não diretamente ligados à TR mas que referenciam doentes e que podem receber doentes cujos transplantes entram em falência.
Contamos que o simpósio reproduza o habitual ambiente de saudável partilha de conhecimentos e troca de opiniões que tem caracterizado as reuniões prévias, por isso, apareçam!
Consulte o programa aqui.