O Prof. Doutor António Costa Ferreira lamenta que o procedimento continue a encontrar resistência no seio da comunidade médica e que os profissionais médicos, bem como próprios doentes, “ainda não estejam totalmente conscientes da existência desta possibilidade”. Por esta razão, o médico no Centro Hospitalar Universitário de São João publicou, em colaboração com as investigadoras Dr.ª Sara Henriques, Dr. Alexandre Almeida e a Prof.ª Doutora Helena Peres, um estudo na revista Annals of Plastic Surgery, uma publicação médica dedicada à cirurgia plástica e reconstrutiva.
A investigação consistiu numa revisão sistemática de estudos e artigos científicos publicados internacionalmente entre 1996 e 2020, sendo que “os resultados demonstram a existência de provas científicas, publicadas em revistas de grande impacto, a favor da segurança e eficácia do tratamento cirúrgico da enxaqueca”, descreve a FMUP.
Nos mais de 50 trabalhos de investigação analisados, os autores relatam uma melhoria significativa entre 58,3 % a 100 % dos casos e a eliminação completa do distúrbio em 8,3 % a 86,8 % dos doentes. Dados sobre a satisfação dos pacientes e o impacto na qualidade de vida foram analisados em nove estudos, ficando “demonstrado, de forma consistente, os benefícios da cirurgia”, é sublinhado.
Os investigadores destacaram, igualmente, a diminuição dos custos a longo prazo, comparativamente ao tratamento farmacológico, e o facto de que apenas foram relatadas pequenas e ocasionais complicações no pós-operatório, na sua maioria temporárias, como alguns casos de dormência, hematoma, alopecia, entre outros.
A enxaqueca é um distúrbio neurovascular generalizado que afeta, aproximadamente, 19 % das mulheres e 10 % dos homens. Uma combinação de fármacos e evitar fatores que possam desencadear uma crise constituem o tratamento padrão para combater as enxaquecas.