De acordo com o diretor do Serviço de Cirurgia e da Unidade de Transplantação do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (que integra o Curry Cabral), o Prof. Doutor Hugo Pinto Marques, a possibilidade de fazer a operação com recurso à robótica “é um avanço no país”.
“A possibilidade de fazer este tipo de cirurgia recorrendo a métodos menos invasivos, neste caso, a robótica, representa uma perspetiva muito boa para os doentes, no sentido de terem uma melhor recuperação de uma cirurgia que, normalmente, é muito complicada e agressiva”, explica.
A cirurgia convencional deixa uma cicatriz “bastante grande” e “normalmente exige algum tempo de internamento”, pelo que este procedimento é realizado através de cinco orifícios até um centímetro cada, "muitíssimo menos agressiva” e mais precisa, pormenoriza
“É uma cirurgia com muito maior precisão, porque o robô permite um movimento que não tem tremor, mais preciso, com uma visualização da anatomia e das estruturas que é ampliada 10 vezes em alta definição. Portanto, permite uma ampliação do olho humano de uma forma um pouco diferente daquela que acontece numa cirurgia convencional”, frisa o Prof. Doutor Hugo Pinto Marques.
Para o diretor do Serviço de Cirurgia e da Unidade de Transplantação do CHULC, onde são feitas em Portugal mais operações à cabeça do pâncreas, entre 100 a 150 por ano, a inovação permite “menos agressão para o doente e uma recuperação muitíssimo mais rápida”.
Embora esse fator esteja ainda em análise, indica que “é provável que, em termos de complicações, no futuro, a taxa seja menor” com a cirurgia robótica.
“O procedimento é mais demorado do que a cirurgia convencional, o que traz é mais benefícios para o doente, em termos de recuperação”, contando com 9h30, comparativamente com as cinco horas tradicionais.
A cirurgia robótica está implementada no CHULC desde novembro de 2019, ano em que surgiu o primeiro equipamento deste tipo no Serviço Nacional de Saúde, segundo informação do Centro Hospitalar.
Apesar de o prognóstico global continuar a ser mau, tem-se assistido a um aumento lento, mas consistente da sobrevivência global ao fim de cinco anos, que passou de cerca de 5 % para mais 11 %. “A cirurgia é a única coisa ainda que cura o cancro do pâncreas”, refere o Prof. Doutor Hugo Pinto Marques.