A criação de um Programa Nacional para as cefaleias; inclusão da enxaqueca e cefaleias no âmbito da Medicina do Trabalho; e inclusão da enxaqueca e cefaleias no Plano de Ação para a Literacia em Saúde são as três prioridades identificadas pela MiGRA Portugal e pela Sociedade Portuguesa de Cefaleias, para tornar menos incapacitante uma doença que afeta quase dois milhões de portugueses.
«Há uma consequência ao nível do desempenho profissional na medida em que aumenta o absentismo e condiciona a produtividade e eventualmente belisca a relação com a entidade patronal. Neste contexto, não deixam de ser oportunas as recomendações que aqui nos apresentam quanto ao acesso aos cuidados de saúde e quanto à maior literacia e sensibilização sobre a doença», afirmou a Dr.ª Irene Costa, deputada do PS, sobre as propostas que a MiGRA Portugal apresentava. Já a Dr.ª Inês Barroso, deputada do PSD, reforçou a pertinência das medidas apresentadas tendo em conta que falavam de um problema de saúde que afeta "dois milhões de portugueses, uma prevalência maior que a diabetes e a asma juntas".
Na sua apresentação, a MiGRA Portugal e a Sociedade Portuguesa de Cefaleias detalharam todas as necessidades identificadas e as medidas a implementar para lhes dar resposta. Dentro da proposta para a criação de um Programa Nacional para as Cefaleias, defendem a implementação de um sistema de referenciação dos doentes com estas patologias, o aumento do número de consultas de cefaleias no SNS e a comparticipação de medicamentos inovadores prescritos pelos centros de cefaleias fora do SNS, à semelhança do que acontece com algumas patologias reumatológicas. No que diz respeito à inclusão da enxaqueca e cefaleias no âmbito da Medicina do Trabalho, recomendam uma avaliação obrigatória pela Medicina do trabalho e, sempre que necessário, a referenciação para o acompanhamento em consulta de Neurologia ou nos Centros de Cefaleias, a adaptação das condições laborais dos trabalhadores e a justificação de faltas por crises de cefaleias. Por fim, com a inclusão da enxaqueca e cefaleias no Plano de Ação para a Literacia em Saúde, pretende-se o aumento da consciencialização coletiva sobre estas doenças, diminuindo a discriminação social e laboral, bem como a educação sobre cefaleias, de modo a aumentar a taxa de resposta ao tratamento farmacológico e otimizar a eficiência do sistema.
A Dr.ª Madalena Plácido, presidente da MiGRA Portugal, na sua intervenção, focou ainda que, ao nível dos tratamentos inovadores existentes, estes são comparticipados apenas para as poucas pessoas que conseguem aceder a consultas de cefaleias nos hospitais do SNS. O que, pela dificuldade de acesso dos doentes às consultas do setor público, limita o acesso a estes tratamentos que no privado custam mais de metade do salário mínimo em Portugal. Daí que "uma das propostas que trazemos dentro do Programa Nacional nesta área da Enxaqueca e Cefaleias seria conseguirmos que estes medicamentos, à semelhança do que acontece na área da reumatologia e dermatologia, fossem prescritos, com critérios muito específicos, pelos médicos que estão a fazer acompanhamento no privado, e evitar o duplo acompanhamento dos doentes que depois tentam ser referenciados para o público".
A audiência da MiGRA Portugal com o Grupo de Trabalho de Comissão de Saúde está disponível aqui.