Segundo a “Conta Satélite da Saúde 2021-2023”, a despesa das famílias em hospitais privados aumentou 13,9 %, em prestadores privados de cuidados de saúde 12,3 % em ambulatório também 12,3 % e 7 % em farmácias.
Em sentido contrário, o INE registou em 2022 “uma grande redução” da despesa das famílias em hospitais públicos (-24,1 %) e em prestadores públicos de cuidados de saúde em ambulatório (-71,2 %) devido ao alargamento das isenções de pagamento de taxas moderadoras a quase todos os serviços, com exceção das urgências hospitalares sem referenciação prévia pelo SNS ou quando não ocorre a admissão a internamento através da urgência.
As famílias também reduziram a sua despesa em entidades do resto da economia (-11,6 %), nomeadamente, com a prestação de cuidados de saúde continuados e com a aquisição de equipamentos de proteção individual e desinfetantes.
De acordo com os dados do INE, a despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dos Serviços Regionais de Saúde (SRS) das Regiões Autónomas cresceu 6,2 % em 2022, após ter registado o aumento máximo de 11,4 % em 2021.
“O crescimento do financiamento dos hospitais públicos (8,1 %) suportou os acréscimos dos custos com o pessoal, do consumo intermédio, refletindo nomeadamente a integração do Hospital de Loures, E.P.E”, refere indicando que este foi o maior aumento registado na série de dados disponível, iniciada em 2000.
Por sua vez, o financiamento do SNS e SRS aos hospitais privados diminuiu 23 % devido, sobretudo, à redução dos encargos com os hospitais com contrato de parceria público-privada (PPP), refere o INE, lembrando que o único hospital que se manteve como PPP foi o Hospital de Cascais.
A despesa em farmácias voltou a subir em 2022 (8,0 %) devido ao crescimento das aquisições de medicamentos comparticipados pelo SNS e pelos SRS e de medicamentos não sujeitos a receita médica.
Em 2022, a despesa das outras unidades da administração pública diminuiu 12,6 % em 2022, devido, principalmente, à redução da despesa associada à pandemia covid-19 efetuada por outras entidades públicas e das deduções à coleta de IRS por cuidados de saúde e lares.
O SNS e SRS (+0,3 p.p.), as famílias (+0,2 p.p.) e as sociedades de seguros (+0,2 p.p.) reforçaram o seu peso na estrutura de financiamento do sistema de saúde.
Para 2023, o INE estima o crescimento da despesa corrente dos principais agentes financiadores, principalmente das sociedades de seguros (16,9 %), dos subsistemas de saúde públicos voluntários (11,1 %), das famílias (5,1 %) e do SNS e SRS (3,1 %).
“Em termos estruturais, prevê-se a diminuição da importância relativa da despesa do SNS e SRS (-0,9 p.p.) e, inversamente, o reforço do peso das sociedades de seguros (+0,4 p.p.)”, salienta.