Dados epidemiológicos indicam que as jovens são o grupo mais vulnerável. "A diferença de incidência de género diz respeito não só à biologia do corpo feminino, mas também à pressão social e cultural dirigida principalmente às raparigas e mulheres, no que respeita ao controlo do corpo, ao poder da imagem corporal e à aceitação social associada a um corpo magro", explica Dulce Bouça, psiquiatra e psicoterapeuta na consulta de Doenças do Comportamento Alimentar no Hospital de Santa Maria.
"Uma baixa autoestima e autoconfiança, uma preocupação obsessiva com o desempenho e uma rigidez na aceitação das fragilidades e da frustração, uma excessiva dependência da opinião dos outros do autoconceito e uma marcada dificuldade nas relações interpessoais com desconfiança e medo da rejeição" são alguns dos fatores psicológicos que a psiquiatra aponta como estando na génese dos distúrbios do comportamento alimentar.
Tratamento diferenciado
O tratamento dos distúrbios do comportamento alimentar engloba:
- A avaliação somática da situação física e metabólica do paciente; a avaliação psicológica do doente e da família;
- Um plano de reabilitação nutricional negociado com o doente e apresentado à família;
- O acompanhamento psicológico que permita e acompanhe o processo de recuperação ponderal;
- A introdução da família no processo de recuperação ponderal e de saudáveis hábitos alimentares;
- A eventual medicação psicotrópica para as situações com patologia psíquica associada, particularmente na
bulimia nervosa e na perturbação de ingestão compulsiva;
- Uma articulação permanente entre as diferentes intervenções, médica, psicológica e nutricional.
As declarações de Dulce Bouça surgem na edição de abril do Jornal Médico, que dedica várias páginas a um Especial sobre Psiquiatria.
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