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Internamentos sociais aumentam 8% em março e representam já 11,7% do total de internamentos no SNS

Em março de 2025, mais de duas mil pessoas continuavam internadas nos hospitais públicos portugueses sem justificação clínica, tal como apontam os dados da 9.ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais (BIS), uma iniciativa da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).

O estudo, desenvolvido em parceria com a EY Portugal e com o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Associação dos Profissionais de Serviço Social, identificou 2 342 casos de internamentos sociais, representando um aumento de 8% face ao mesmo período de 2024, o equivalente a mais 178 casos.

Apesar do crescimento no número de internamentos inapropriados, o tempo médio de permanência hospitalar após alta clínica registou uma diminuição de 10%, mantendo-se, no entanto, em valores elevados – cerca de cinco meses.

O barómetro contabilizou ainda 367 498 dias de internamento inapropriado, uma ligeira redução de 3% face à edição anterior. Ainda assim, os dados evidenciam o impacto significativo desta realidade na ocupação prolongada de camas hospitalares e na demora de encaminhamento para unidades de cuidados continuados integrados ou estruturas residenciais para pessoas idosas.

A falta de resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) mantém-se como a principal causa dos internamentos sociais (38%), com maior expressão nas regiões Centro, Alentejo e Algarve. Já a escassez de lares de idosos (29%) tem um peso mais acentuado em Lisboa e Vale do Tejo.

De acordo com a APAH, os internamentos sociais representaram, em março, 11,7% do total de internamentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com um custo anual estimado superior a 288 milhões de euros, mais 28 milhões do que na edição anterior do barómetro. Só em março, o valor ascendeu a 94 milhões de euros, significativamente acima dos 68 milhões registados no mesmo mês do ano passado.

Para Xavier Barreto, presidente da APAH, “é urgente reforçar a resposta da Rede Nacional de Cuidados Continuados e das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, através de soluções articuladas entre entidades no setor da Saúde, da Segurança Social e do setor social”. O responsável sublinha ainda a importância de “capacitar as famílias, valorizando o papel do cuidador informal”.

O estudo destaca também os primeiros resultados de uma portaria publicada em 2023, que permitiu responder a cerca de mil doentes com alta clínica, encaminhando-os para equipamentos públicos, privados ou da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Os resultados da 9.ª edição do BIS foram apresentados esta quarta-feira, dia 16 de abril, no Hospital Fernando Fonseca, na Amadora.

Fonte: Lusa

Quarta-feira, 16 Abril 2025 14:12


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